Quando a tolerância acaba


Por Rodrigo Cozzato

Trânsito. Muito trânsito. Minutos, horas que parecem não ter fim parado atrás de centenas de carros imóveis. Atraso. Pressa. Calor. Canseira. Fadiga. Stress. Raiva. Pronto. Todos os ingredientes para acabar com o humor de qualquer um estão juntos. A sensação de que dirigir se torna cada vez mais uma obrigação nada agradável é cada vez mais evidente nos rostos — e nas atitudes — dos motoristas das grandes cidades.

Quando todos esses ingredientes estão juntos e transbordam para fora da panela — ou do carro —, o resultado é a intolerância. Não raro, vemos pessoas se agredindo verbal e fisicamente, muitas vezes extrapolando até para o uso de armas.

Vi hoje cedo um claro exemplo dessa intolerância — mas, primeiro, de imprudência. Próximo ao Walmart, duas motos trafegavam pela direita da faixa esquerda, como se estivessem no corredor. O fato é que não havia congestionamento ali, portanto, os dois motociclistas deveriam estar na faixa central ou na direita, no meio da faixa, ocupando a vaga de um veículo. Nisso, uma Zafira com placas vermelhas de Cotia veio por trás das motos a toda velocidade e praticamente as jogou pra faixa do meio. Por pouco não passou por cima.

Não entendi a pressa do motorista da Zafira, que estava com um passageiro no banco de trás. Não entendi mesmo, pois logo à frente, depois do Rodoanel, havia aquele congestionamento típico de todos os dias. Uma das motocicletas, que evidentemente “marcou” o veículo, passou por ele bem devagar, já no corredor, buzinou e fez um gesto com a mão, digamos, nada educado.

Intolerância dos dois lados. O motorista não precisava ter agido perigosamente como o fez; poderia ter causado um grave acidente. Ainda mais sabendo que o trânsito iria parar logo à frente — e, confesso, andei um bom tempo ao lado daquele motorista; de que adianta ter pressa?

E o motociclista, se estivesse conduzindo sua moto de forma segura e correta, não teria quase sido atropelado. E respondendo à provocação, ele não ajudou a educar o motorista, apenas o irritou ainda mais. Num caso desses, se os dois parassem para discutir, com certeza viraria uma briga. E se alguém estivesse armado, a tragédia seria certa.

A partir do momento que você sai de casa para enfrentar a maré dos grandes congestionamentos, não dá para se livrar dos ingredientes descritos acima. O que é preciso, portanto, é sair uns dez, 20 minutos mais cedo, respirar fundo, ligar o rádio e passar por cima desses problemas. Dê passagem, não ande colado, sinalize suas manobras, dê uma buzinada de agradecimento, faça um positivo. Quando você devolve gentileza, você desarma o ódio que o outro motorista nutre pelo trânsito. Faça isso todos os dias. A mudança pode — e deve — começar por você.

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