Por Fernando Pedroso
Na semana passada, fui à Argentina a trabalho e pude andar cerca de 300 quilômetros nas rodovias próximas à cidade de San Carlos de Bariloche. No trecho em que assumi o volante do carro, não tive como não comparar as rodovias com a Raposo Tavares. Ao invés das três pistas, uma só. No lugar de pessoas apressadas indo ao trabalho, turistas e locais circulando com tranquilidade. “E o que a Raposo Tavares tem a ver com isso?”, você deve estar se perguntando.
A comparação que fiz é com a educação das pessoas. A Argentina é um país com a economia arrasada com as recentes crises, inflação e descaso dos governantes. Mas é também um lugar em que a cultura é muito bem difundida, ao contrário do Brasil, infelizmente. Por isso mesmo, se vê muito carro velho lá, mas ninguém atrapalha ninguém.
Um Land Rover Defender bem antigo entrou na minha frente, mas assim que pôde, livrou a minha passagem. Logo depois, um Fiat 147 me viu chegando sem nem mesmo pedir passagem. O motorista já encostou para que eu o ultrapassasse.
Outro ponto é o respeito ao limite de velocidade. Não vi nenhum radar instalado e, mesmo assim, os motoristas circulavam no limite. Nem acima e nem abaixo. Um fluxo contínuo, sem deixar congestionar. Ao passar por um posto policial, nada daquela mania de frear. Passam como já estavam andando há quilômetros. Não têm o tal jeitinho que nós tanto sentimos orgulho.
Brincamos tanto com a arrogância dos argentinos, mas a verdade é que temos muito a aprender com a simplicidade deles. Sabem que têm um carro que não consegue manter velocidade, por isso deixam passar. Ou o contrário, têm um carro que pode andar muito, mas não existe a necessidade de mostrar isso pra ninguém. E isso é tudo o que vemos e é tudo o que causa o trânsito nosso de cada dia. A Raposo Tavares é triste como uma letra de tango.
Fotos: Fernando Pedroso
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