Por Rodrigo Cozzato
De volta após duas semanas de férias. Estive em dois Estados diferentes na primeira parte da viagem, e no interior de São Paulo na parte final. Muitos quilômetros rodados de avião, trem e carro.
Mesmo longe e procurando descansar a todo custo, não tive como me desligar por completo do que estava acontecendo. Jornalista que sou, pelo menos uma vez ao dia procurava saber as principais notícias na internet.
E foi por ela que fiquei sabendo que um assassino dirigiu pela contramão na Raposo Tavares e despedaçou uma família ao meio. Vi também que outro assassino, bêbado, adentrou um parque em que as pessoas vão para se divertir em Carapicuíba e despedaçou outra família. E por último vi que um assassino frio despedaçou mais uma família ao matar Glauco e o filho dele.
Outros casos de violência, principalmente no trânsito, me chamaram a atenção. Mas separei os três em especial, pois estão perto de mim, de uma forma ou de outra. Apesar de não conhecê-lo pessoalmente, o trabalho do Glauco está muito próximo ao meu. Não conheço a família de Carapicuíba, mas imagino, por um segundo, a dor de um pai perder o filho. E o da Raposo, está intimamente perto. Perto da minha casa, perto dos meus amigos, da minha família.
O local onde o irresponsável matou marido e mulher; minha esposa utiliza aquele retorno diariamente. Minha irmã, cunhado e sobrinho, assim como muitos amigos, passam ali todos os dias. Eu também. Poderia ter sido um de nós.
Voltei da primeira parte da viagem num sábado. Minha irmã foi buscar minha esposa e eu no aeroporto, e chegou uns 30, 40 minutos depois do combinado, pois a Raposo estava parada em pleno sábado à noite. Na volta, novamente um trânsito nervoso, e por pouco não nos envolvemos num quase acidente, em que um motociclista foi brutalmente fechado por um carro. Uma bela recepção, esta.
Voltei da segunda parte da viagem numa quinta à noite. Antes de ir pra casa, fui até Interlagos, dando carona a um tio de minha esposa. Ao parar num semáforo vermelho numa faixa de pedestres, o motorista atrás buzinou e deu farol alto, esbravejando e exigindo que eu furasse o farol. Mais uma vez, um trânsito nervoso. Outra bela recepção.
Não, eu não estava com saudades daqui. Passei por diversas cidades nas quais vi de perto o que é gentileza no trânsito. Pessoas com paciência, com educação, que se importam em deixá-lo passar na frente. E eu nem era turista, pois estava com um carro cuja placa era da cidade.
Pra fechar com chave de ouro, numa sexta-feira, um motorista resolveu tombar um caminhão carregado de ácido bem numa reta do Rodoanel, num trecho em que não se tomba. O resultado todos conhecem.
Esse trânsito, essa intolerância, toda essa falta de educação me cansam. Voltei de duas semanas muito bacanas de férias e já me sinto cansado, estressado por apenas um dia de um trânsito muito ruim.
Muitas coisas poderiam ser facilmente evitadas se as pessoas utilizassem um pouco mais de sua inteligência. Essas mortes, no trânsito ou em casa, certamente seriam evitadas. O mundo seria muito melhor sem esse monte de gente imbecil. Desculpe-me pelo desabafo, mas não tem como ficar indiferente.
Tags: intolerância, Raposo Tavares, Trânsito, violência
23/03/2010 às 11:02 AM |
Concordo com você Rodrigo. São Paulo está no limite do limite. As pesquisas indicam que SP vai parar em 2012, ou seja, você vai tirar o seu carro da garagem para ficar parado no trânsito. O paulista atualmente perde 2:40h em média no trânsito, mas conheço muita gente que passa 4 a 5h. Uma coisa inacreditável. Tenho sentido ultimamente que a CET tem maquiado a situação real do trânsito na cidade. Será?? Fica a minha dúvida no ar…
Grande abraço
Adriana
23/03/2010 às 11:12 AM |
Também acredito haver maquiagem nos índices de congestionamento, Adriana. É só repararmos que o trânsitos nas rodovias que chegam a São Paulo, como a Raposo Tavares, não entram nas estatísticas. Outro ponto: os caminhos alternativos, os atalhos, também não. Acrescente uns 50 quilômetros tranquilamente ao índice da CET.
Abraços e obrigado pelo comentário.
Rodrigo Cozzato