Por Rodrigo Cozzato
Na volta para casa, ontem, deparei-me com mais um acidente de moto, bem no começo da Raposo Tavares, após o segundo semáforo. Havia acabado de acontecer. Ao que tudo indica, uma motociclista se envolveu na batida. Três ou quatro outros motociclistas, solidários, pararam para auxiliá-la.
No entanto, o que chama a atenção é que não havia nenhum veículo parado no local. É fato que havia um veículo envolvido, uma vez que a moto estava danificada e cacos de lanternas estavam espalhados pelo chão. Mas o carro não estava ali.
Muito provavelmente o motorista não parou para ver o que aconteceu. Temeroso, talvez, em ter causado algum dano físico à motociclista, ou mesmo pelo monte de motociclistas que param em cada acidente, o condutor simplesmente não parou. Preferiu seguir adiante sem preocupar-se com o que acontecera. Uma atitude covarde, convenhamos.
Primeiro que envolver-se em acidente com vítima e não prestar auxílio é omissão de socorro, portanto, crime que fere o artigo 135 do Código Penal, com pena de um a seis anos de prisão ou multa. (No Brasil, no entanto, é raro, raríssimo ver alguém condenado por esse crime) Segundo, que o motorista pode nem ter sido culpado, e são grandes mesmo as chances de isso ser fato, tendo em vista o modo inseguro e irresponsável que muitos motociclistas conduzem suas motos; ainda assim, ele, o motorista, optou por não parar.
Mais do que saber de quem é a culpa, quem causou, quem mudou de faixa, quem não freou, quem não sinalizou; mais do que o Código Penal, a pena, a multa. Estamos falando de seres humanos. De uma vida que estava caída ao chão à espera de socorro. Enquanto motocislistas odiarem motoristas, e o contrário também, dificilmente teremos paz no trânsito.