Por Rodrigo Cozzato
Após quase dois meses sem nenhuma novidade no blog do Acelera, Raposo!, eis que resolvo dar novamente as caras. Peço desculpa a você, leitor, pelo sumiço, mas diferentes compromissos profissionais e pessoais me forçaram a esse afastamento. E creio que o assunto aqui abordado mereça atenção maior do que apenas alguns poucos minutos por dia.
Nesse tempo, trafegando todos os dias pela Raposo Tavares, observei e refleti muito. Reparei que em quase dois meses longe dessas linhas, nada mudou. Nada. Os congestionamentos continuam iguais ou piores. A manutenção da rodovia é para inglês ver. O DER não acaba as obras nunca. A Polícia Rodoviária finge que fiscaliza. E os acidentes continuam a todo vapor.
Também durante esse tempo, recebemos alguns bons comentários de leitores ‘cobrando’ a volta do Acelera! E isso é muito gratificante, pois mostra que nosso trabalho é bem-feito. Fomos citados pelo jornal Visão Oeste, de Osasco (N.E.: o Acelera! é feito por mim, Rodrigo Cozzato, e por Fernando Pedroso). Porém, dois comentários em especial me chamaram atenção.
O primeiro, da leitora Luciana Fernandes, conta uma história triste. Ela é prima de um motociclista que morreu em acidente na Raposo em 29 de abril, o qual foi noticiado e amplamente repercutido por nosso blog. Segundo Luciana, seu primo, o qual ela chama de Zé, tinha 28 anos, era filho único e deixou uma filha de 3. Ainda de acordo com a leitora, a família ainda não superou a morte do motociclista, principalmente a mãe dele.
“O Zé era a razão do seu viver. Em sua residência, moravam somente ele e sua mãe. Zé era um primo muito alegre, extrovertido, cativava qualquer pessoa que com ele fazia amizade. Estava realizando seu sonho, estava tão feliz por ter conseguido bolsa de estudos, ele estava no seu terceiro mês de faculdade, mas não deu tempo”, relata Luciana.
Já o segundo, de José Mário Cândido, também relata um acidente, mas este sofrido por ele próprio. Cândido relata que trafegava de moto pela primeira vez na Raposo Tavares e que teria perdido o controle em uma curva próxima ao Rodoanel. Pelas fotos enviadas por e-mail e pelo relato, os ferimentos foram bastante graves.
O motociclista ficou internado por 15 dias no hospital de Cotia para cirurgia e colocação de diversos pinos na perna. Ele conta ainda que viu muitas vítimas de acidente de trânsito nos dias que ficou internado: “Tem muito mais acidentado de moto do que de carro. É preciso fazer alguma coisa para diminuir isso, talvez uma faixa exclusiva”.
O motociclista defende ainda a importância da instalação de radares fixos a cada cinco quilômetros para um maior controle do trânsito na rodovia. Para justificar, relembra do acidente ocorrido em 7 de março deste ano, quando um veículo na contramão bateu de frente com outro, matando um casal. “O cara andou mais de vinte quilômetros na contramão e só parou porque bateu”.
Como podemos ver acima, duas histórias, dois finais diferentes. Um sobrevivente do violento trânsito da Grande São Paulo pôde contar o que viu e o que passou. O outro, deixou mãe, filha, parentes, amigos, sonhos… Destacamos aqui esses dois casos, mas os acidentes, os mortos e os sobreviventes, são diários.
E a pergunta que fica: o quanto mais o trânsito vai continuar a nos tirar?