Por Rodrigo Cozzato
Foto: Milton Michida/Portal Governo de SP
O assunto discutido neste texto parece não ter a ver com rodovias, mas tem. Indiretamente, mas tem. Ao fazer a declaração de imposto de renda, vi uma coisa que já sabia há algum tempo: preciso trabalhar uns quatro, cinco meses do ano apenas para pagar o fisco e o INSS. E você também.
Revoltante, mas não para por aí. Há ainda impostos embutidos no combustível, nas parcelas do financiamento, na camisa e na calça, no telefone, no arroz e feijão de todo dia, na hora de pagar a conta no restaurante, no cafezinho e onde mais sua imaginação alcançar.
Aqui o paralelo com as rodovias começa a ser traçado: os pedágios. É indiscutível o quanto as rodovias — pelo menos em São Paulo — melhoraram após as privatizações. Porém, o que não dá para concordar são os preços abusivos que as concessionárias praticam sem o menor controle por parte dos governantes. Isso se estende a outras concessões, como, por exemplo, a telefonia.
Estamos às vésperas da inauguração de um belo trecho do Rodoanel. Sem dúvida irá tirar muitos caminhões do pesado trânsito diário paulistano. Mas a pergunta é: quando os pedágios entrarem em operação a todo vapor, os caminhoneiros irão mesmo utilizar o anel viário?
A não cobrança de pedágio no Rodoanel foi uma das promessas do então governador e idealizador da obra, Mário Covas. Seu sucessor, Geraldo Alckmin, e o sucessor dele, José Serra, seguraram essa bandeira até verem que dali dava para fazer uma imensa usina de dinheiro.
A cobrança começou com R$ 1,20; hoje, custa R$ 1,30. De grão em grão, o governo vai aumentando, repassando para os usuários, e, sem mais nem menos, a cobrança está nas alturas. Estima-se que o Rodoanel custará R$ 6. A conta é fácil de fazer. Multiplique R$ 6 por cinco, seis eixos da maioria dos caminhões e diga se 100% das empresas de transporte irão aderir ao anel viário. E os pedágios não param por aí. Se parte do dinheiro arrecadado fosse investido em transporte público, aí sim poderíamos começar a discutir redução de veículos na rua. Do contrário, fica difícil.
Tanto imposto, tanto tributo… É revoltante. Tal qual a inércia da população, que não faz nada para mudar esse panorama. O que fazer? Pensar melhor na hora de apertar o “confirma” no dia da eleição. Ora, se os 150 milhões de brasileiros que votaram para escolher quem seria o vencedor do Big Brother Brasil se juntassem, poderiam dar outro rumo para este país, não é mesmo? Pense nisso!