Acelera, Raposo! é destaque no Jornal D’Aqui


A última edição do Jornal D’Aqui falou sobre os problemas da Raposo Tavares, trazendo dados sobre o aumento da frota de veículos que utiliza a rodovia todos os dias. A matéria também cita o nosso blog, Acelera, Raposo!, e traz uma entrevista com os autores  Fernando Pedroso e Rodrigo Cozzato.

Leia a matéria:

O caos da Raposo Tavares
por: Eliane Santos

O trânsito da Raposo Tavares está cada dia mais caótico e é frequente na rotina de quem trafega diariamente pela rodovia, ou seja, de grande parte dos moradores de Cotia e cidades vizinhas.

Segundo dados do Departamento Nacional de Trânsito – DENATRAN, a frota de veículos em Cotia, no mês de agosto deste ano era de 82.568 veículos, sendo 56.468 automóveis e 11.331 motocicletas. Ao comparar com a frota de 2001 temos dimensão do tamanho do crescimento, o total de veículos na cidade era de 33.013, sendo 24.595 automóveis e 2.005 motocicletas.Veja no gráfico abaixo.

O aumento no número da frota se deve ao boom imobiliário pelo qual a cidade vem passando, muitos novos moradores chegaram e com eles mais carros. Soma-se a isso o transporte público deficiente e as longas distâncias que devem ser percorridas para pegar ônibus. Para quem mora na Granja Viana, por exemplo, em alguns pontos não existe outro meio de transporte que não seja o individual.

O volume diário médio (VDM) de veículos que trafegam na Raposo é de 158.068, entre o acesso a São Paulo e o entroncamento com o Rodoanel, e 127.309, entre o Rodoanel e Cotia de acordo com a Assessoria de Imprensa da Secr. de Estado dos Transportes.

Os acidentes são constantes, um dos motivos observados é que com os congestionamentos, a maioria dos motociclistas trafega pelo corredor e os motoristas precisam ter muita atenção ao mudar de faixa. Para Hugo Pietrantonio, Doutor em Engenharia de Transportes, não há regras claras no ordenamento do convívio com as motos no trânsito. “Existem regras gerais sobre manter distâncias frontal e lateral de segurança e de manter um posicionamento adequado nas faixas e realizar

as manobras de ultrapassagem e de transposição (mudança) de faixa com o cuidado devido”.

Para ele, as mudanças de faixa descuidadas por parte dos motoristas é causa frequente de acidentes de trânsito e é preciso incorporar o cuidado com a presença das motos na realização destas manobras. “A velocidade excessiva das motos entre as filas de veículos torna bastante difícil para os condutores dos autos a tarefa de distinguir as motos no trânsito e avaliar a tempo a possibilidade de realizar as mudanças de faixa no intuito de respeitar a segurança das motos”, completa.

Jornalistas criam blog que tem como tema principal a Raposo

Para abordar a Raposo Tavares e seus congestionamentos, os amigos Rodrigo Cozzato e Fernando Pedroso criaram o blog Acelera, Raposo! em dezembro do ano passado. Fernando se mudou no mês passado para São Paulo, mas por muito tempo trafegou diariamente pela rodovia e Rodrigo ainda faz o trajeto todos os dias, pois trabalha em São Paulo.

O objetivo principal do blog, segundo Rodrigo, é chamar a atenção de todos que trafegam pela rodovia para que a utilizem com prudência, segurança, bom-senso e acima de tudo, respeito às leis de trânsito e ao cidadão que trafega ao seu lado. “Os textos, em sua maioria, falam de segurança, dicas de pilotagem, obras, condições físicas da rodovia, e quando falamos sobre os acidentes, é sempre com intuito de repercutir, e não cobrir o fato, com dados dos motoristas, vítimas, etc”, completa.  Ele conta que escolher a Raposo como tema principal não foi tão rápido, mas percebeu que as conversas com Fernando pela internet giravam em torno dos congestionamentos diários na rodovia. “O Fernando reclamando das imensas filas e eu, motociclista, da aventura que era trafegar entre os carros. Foi aí que surgiu a ideia de juntar todas essas reclamações e transformá-las em textos”, conta.

O blog flagra imprudências na rodovia trazendo a opinião dos dois lados, tanto do motorista (Fernando) quanto do motociclista (Rodrigo). Atualmente, não tem sido atualizado com frequência, mas eles avisam que irão dar uma nova roupagem em 2011 e que pensam em ter colunas fixas. O blog pode ser acessado em https://aceleraraposo.wordpress.com/

Fizemos algumas perguntas aos jornalistas. Confira:

JDA: As obras que estão sendo feitas pelo DER ajudam a diminuir o trânsito na Rodovia de alguma forma?

Fernando: Não vejo a solução da Raposo nas obras de infraestrutura. O problema é político, que deixa uma empresa só cuidando do transporte público de Cotia. Hoje, os moradores da cidade não têm opção para ir trabalhar que não seja de carro. Se existisse um ônibus de qualidade, não usaria carro para vir para São Paulo. Seriam dezenas de carros a menos. Só que para chegar aqui, eu teria de me espremer em um “Pinheirão”, caminhar cerca de 1 km até minha casa (falta um circular, por exemplo) e correr todos os riscos disso tudo. Tem a linha Cotia – Barra Funda, que custa mais de R$ 6 e mesmo assim eu teria de caminhar o mesmo trajeto.

Rodrigo: As obras, necessárias, ajudaram as pessoas que dependem do transporte público a esperarem pelos ônibus em maior segurança. Muita coisa ainda precisa ser feita, mas nada irá impactar nos congestionamentos, por razões simples: não cabem mais veículos na Raposo. A alternativa já é velha conhecida de todos: investir maciçamente em transporte público.

JDA: Acham que o Rodoanel Sul ajudou a diminuir o trânsito na Rodovia?

Fernando: Ajudou no começo e depois voltou a piorar. Com a restrição dos caminhões na cidade de São Paulo, foram todos para o Rodoanel e o tráfego lá ficou intenso também. Acho que os carros particulares, então, deixaram de usar o Rodoanel e voltaram para dentro da cidade.

Rodrigo: Percebi uma queda dos grandes caminhões na Raposo. Nos primeiros dias do novo trecho, que coincidiram com as férias escolares de julho, a rodovia respirou aliviada, e o trânsito fluía muito bem. Com a restrição de caminhões no centro expandido de São Paulo, reparei que muitos caminhões de pequeno e médio porte migraram para as rodovias, como a Raposo.

JDA: No blog vocês escrevem sobre os acidentes na Raposo, acham que houve aumento de acidentes este ano?

Fernando: Com o volume de tráfego, é normal que o número de acidentes também cresça. Acho que os acidentes com motocicletas cresceu de forma descontrolada. Os motoristas são destreinados, andam em zig-zag enquanto papeiam no celular. Isso é um perigo para os motociclistas. Os pilotos das motos também não colaboram, achando que a estrada é toda deles, abrindo caminho na base da buzinada. Só que eles são o lado fraco da história e acabam se dando mal.

Rodrigo: Como usuário da rodovia, percebo que os acidentes são mais comuns no começo e no fim da semana, talvez aliados à pressa de chegar em casa. Os acidentes também são comuns em dias de chuva, ou mesmo com garoa. E os tipos de acidentes aos quais mais me deparo são sempre os mesmos: engavetamentos e motociclistas trafegando pelos corredores.
JDA: Como vocês vêm a relação entre motoristas e motociclistas, principalmente na Raposo? Acha que é possível as duas partes se entenderem e serem gentis um com o outro no trânsito?

Fernando: Todo mundo pode se dar bem em qualquer ambiente. Basta seguir a regra de respeitar os espaços e os limites. No trânsito é a mesma coisa. Basta o motorista respeitar o espaço do motociclista e basta o motociclista entender seus limites, que vão conviver em harmonia.

Rodrigo: É perfeitamente possível que isso aconteça, mas é preciso que haja mudança de comportamento das duas partes. Não é raro ver motoristas que saem de casa, mesmo que num sábado pela manhã, predispostos a xingar e a brigar no trânsito. Sentem que seus carros são armaduras, que dão o direito de passar por onde bem entenderem.

Para os motociclistas profissionais, não é diferente. Muitas vezes a pressa não é dele, mas da empresa que faz a entrega. Se a moto está no corredor, já tem vantagem de não estar parada no mar de carros, o que custa andar mais devagar e deixar o carro mudar de faixa?

Posso afirmar com bastante convicção que me sinto bem mais seguro pilotando do que dirigindo. Mas confesso ter mais medo, estando de moto, de me envolver em um acidente com outros motociclistas do que de carro.

Para que não haja mais esse temor, é preciso que ambos respeitem as leis de trânsito, e, acima de tudo, dirijam com bom senso.

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